A pobreza menstrual é um desafio global que atinge milhões de pessoas. A ONU estima que cerca de 500 milhões vivem sem condições mínimas de higiene para lidar com o ciclo menstrual de forma segura. No Brasil, o cenário também é preocupante: segundo pesquisa realizada pelo UNFPA e UNICEF, 713 mil meninas vivem em casas sem banheiro ou chuveiro, e mais de 4 milhões não têm o a itens básicos de higiene nas escolas.
Embora a menstruação seja um processo natural para mais da metade da população, o assunto ainda é envolto em tabus, desinformação e desigualdade. A falta de o a absorventes e a informações adequadas sobre o próprio corpo não apenas causa desconforto, como também expõe essas pessoas a sérios riscos de saúde.
Em situações de vulnerabilidade extrema, como a vivida por pessoas em situação de rua, as dificuldades se multiplicam. Em entrevista ao Correio Braziliense, a educadora social Bruna Santos, que já enfrentou essa realidade, relembra que, na ausência de doações, era preciso recorrer a materiais improvisados e inseguros para conter o fluxo menstrual, aumentando os riscos de infecções.
Combate à pobreza menstrual
Para enfrentar a pobreza menstrual no Brasil, o Governo Federal implementou, em 2023, o Programa Dignidade Menstrual. A iniciativa, criada pelo Decreto nº 11.432 e articulada por diversos ministérios, prevê a distribuição gratuita de absorventes para pessoas entre 10 e 49 anos em situação de vulnerabilidade.
Desde o início da operação, em janeiro de 2024, mais de 1,7 milhão de pessoas foram atendidas, com maior concentração de beneficiários na região Nordeste, especialmente nos estados da Bahia e do Ceará. No Sudeste, a ampla presença de farmácias populares tem facilitado o o aos produtos.
Apesar do impacto positivo, o programa ainda enfrenta desafios importantes. Especialistas alertam que a exigência de documentos com foto dificulta a retirada dos absorventes, sobretudo para quem vive em situação de rua, onde a perda ou a ausência de documentos é comum. Além disso, o o limitado a condições básicas de higiene segue comprometendo a saúde e a dignidade de muitas pessoas que menstruam no país.
Jornalismo na federal de Alagoas. Paulista de nascença, moro há mais de uma década no estado nordestino. Desde pequena fascinada pelo mundo da leitura e da escrita.