As investigações sobre um amplo esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), reveladas no fim de abril, continuam a avançar e agora apontam para o envolvimento direto de membros do Congresso Nacional.
O caso, que ganhou repercussão por atingir aposentados e pensionistas com descontos indevidos em seus benefícios, pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.
A Polícia Federal já atua para aprofundar a apuração, e parlamentares devem começar a ser formalmente citados ainda em junho.
Deputados e senadores envolvidos no escândalo do INSS
Segundo revelou o jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal O Globo, a Polícia Federal já identificou deputados e senadores suspeitos de integrar o esquema.
Diante do foro privilegiado desses agentes públicos, parte da investigação será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), único órgão com competência para julgar parlamentares federais.
Ainda de acordo com Jardim, o número de envolvidos no Legislativo não é pequeno, indicando que a atuação política no esquema pode ter sido ampla e bem articulada.
Paralelamente, o blog da jornalista Julia Duailibi, no portal G1, trouxe mais detalhes preocupantes. Fontes próximas à apuração indicaram que mais de 20 parlamentares, pertencentes a partidos do chamado Centrão, estariam sob suspeita.
A expectativa é que delações premiadas, tanto de servidores do INSS quanto de integrantes das entidades envolvidas nas fraudes, possam reforçar as provas contra esses congressistas.
Os acordos de colaboração, segundo apuração do blog, devem ser fechados em breve e podem ser decisivos para o avanço da investigação no STF.
Apesar de deputados e senadores envolvidos, políticos seguem culpando adversários pelo roubo no INSS
Apesar da gravidade do caso, o escândalo dos descontos indevidos nas aposentadorias do INSS tem sido explorado politicamente por diversos lados.
Parlamentares tanto da base do governo quanto da oposição defendem a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (I), ao mesmo tempo em que tentam imputar a responsabilidade ao campo político adversário.
A Polícia Federal, no entanto, aponta que o esquema teve início ainda em 2016, sob o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), e se intensificou durante os governos seguintes — ando pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e agora o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL).
O golpe funcionava por meio da filiação automática de aposentados e pensionistas a associações, muitas delas de fachada.
Com dados pessoais e s falsificadas, essas entidades cobravam mensalidades diretamente dos benefícios recebidos pelos aposentados do INSS, sem autorização dos segurados.
A fraude não apenas causou um rombo bilionário, como atingiu uma das populações mais vulneráveis do país: idosos que dependem da previdência para sobreviver.