A memória é uma das maiores riquezas que carregamos ao longo da vida. São as lembranças que nos conectam à nossa história, aos nossos afetos e à nossa identidade.
Por isso, qualquer alteração na capacidade de recordar deve acender um sinal de alerta, especialmente quando falamos de Alzheimer, uma doença que atinge mais de 1,2 milhão de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.
O Alzheimer é uma enfermidade neurodegenerativa que, infelizmente, ainda não possui cura. À medida que progride, a doença provoca um declínio cognitivo acentuado, que interfere diretamente na autonomia, no comportamento e na convivência do paciente com o mundo à sua volta.
Identificar os sinais precoces é fundamental para iniciar o tratamento o quanto antes e, assim, preservar a qualidade de vida pelo maior tempo possível.
Desorientação em caminhos familiares
Imagine uma pessoa que sempre faz o mesmo trajeto para ir à padaria do bairro e, de repente, começa a se perder ou esquecer como voltar para casa. Esse tipo de desorientação espacial em locais conhecidos é um sinal clássico nas fases iniciais da doença.
Esse tipo de lapso não é apenas uma “falha de atenção”: ele pode indicar uma disfunção na capacidade cerebral de processar referências espaciais, uma das funções afetadas nos estágios iniciais do Alzheimer.
Dificuldades com tarefas financeiras e cotidianas
Outro indício importante está na incapacidade de realizar atividades rotineiras que antes eram feitas com facilidade, como pagar contas, organizar as finanças ou até mesmo calcular um troco simples.
A pessoa pode esquecer datas de vencimento, confundir senhas, ou demonstrar dificuldade para compreender instruções básicas de tarefas do dia a dia. Esse tipo de problema pode gerar consequências práticas graves, como dívidas inesperadas ou perda de controle financeiro, além de impactar diretamente na autonomia do paciente.
Repetição constante de informações ou perguntas
A repetição é um sinal silencioso, mas muito revelador. A pessoa com Alzheimer pode começar a fazer a mesma pergunta várias vezes no mesmo dia ou repetir histórias que já contou há poucos minutos, sem se dar conta.
Esse comportamento indica uma falha na consolidação da memória recente, algo característico do Alzheimer desde os primeiros estágios. Embora seja comum esquecer detalhes de vez em quando, a frequência e a intensidade com que essas repetições ocorrem são o que realmente apontam para uma possível demência.
Dificuldade para encontrar palavras e se comunicar
Trocar o nome de objetos comuns, esquecer palavras simples ou ter dificuldade para construir frases completas são sinais de alerta importantes. A linguagem é uma habilidade complexa que exige atenção, memória e fluidez, todas funções que podem ser comprometidas precocemente pela doença.
A pessoa pode começar a dar voltas para tentar explicar algo, usar palavras genéricas (“coisa”, “negócio”) com mais frequência, ou até mesmo desistir de se comunicar por frustração. Esses indícios mostram que o Alzheimer pode comprometer não apenas a fala, mas também a confiança do indivíduo em se expressar.
Incapacidade de seguir rotinas ou planejar atividades
Tarefas simples que envolvem planejamento ou organização também am a ser afetadas. Um exemplo citado pelo Dr. Torezani é de uma pessoa que costumava cozinhar sempre a mesma receita e, de repente, se vê confusa durante o preparo, esquecendo etapas ou trocando ingredientes.
Essa perda de capacidade executiva é um marcador de que o cérebro está tendo dificuldade para manter a sequência lógica das ações, algo essencial para qualquer tipo de tarefa, desde preparar um café até fazer compras no supermercado.
Mudanças bruscas no comportamento e na personalidade
Esse talvez seja o sintoma mais surpreendente para os familiares. Uma pessoa antes dócil e gentil pode ar a apresentar irritabilidade, impaciência, teimosia excessiva ou até mesmo comportamentos socialmente inapropriados, como falar palavrões em público ou fazer comentários inadequados.
O Alzheimer não atinge apenas a memória, ele também afeta áreas do cérebro responsáveis por controle emocional, julgamento e empatia. Essas mudanças comportamentais, muitas vezes, são confundidas com “manias da velhice”, quando, na verdade, representam uma transformação profunda na estrutura neurológica do paciente.
Diagnóstico precoce faz toda a diferença
Reconhecer esses sintomas na fase inicial é crucial. Embora o Alzheimer ainda não tenha cura, o diagnóstico precoce permite iniciar tratamentos que retardam o avanço da doença, melhoram o bem-estar e ajudam o paciente a manter sua autonomia pelo maior tempo possível.
Além disso, um diagnóstico certeiro oferece à família a chance de se preparar, planejar os cuidados e buscar e emocional e psicológico, que também é essencial para quem acompanha o progresso da doença.