O Ministério da Saúde iniciou uma consulta pública para avaliar a inclusão de um medicamento para emagrecimento na lista de tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A proposta está sendo analisada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), responsável por recomendar a adoção de novas terapias e tecnologias na rede pública.
O foco da discussão é a possibilidade de disponibilizar a semaglutida, substância utilizada em remédios conhecidos como Wegovy e Ozempic, de forma gratuita para um público específico.
Governo abre consulta sobre remédio para emagrecimento no SUS
A consulta aberta busca colher opiniões da população e da comunidade médica sobre a oferta da semaglutida em dose de 2,4 mg, como ocorre no Wegovy, voltada para pessoas com obesidade de grau 2 ou 3, que não tenham diabetes, mas que apresentem histórico de doenças cardiovasculares como infarto ou AVC.
A proposta inicial prevê o uso do medicamento em pessoas a partir de 45 anos. A semaglutida ganhou popularidade nos últimos anos pelo efeito de emagrecimento, embora tenha sido desenvolvida originalmente para tratar o diabetes tipo 2.
Ela age simulando a ação de um hormônio intestinal que atua no sistema nervoso, aumentando a sensação de saciedade e regulando o nível de glicose no sangue.
Embora existam iniciativas locais que já utilizam substâncias similares, como a liraglutida, a semaglutida ainda não faz parte da lista de medicamentos oferecidos pelo SUS.
A proposta atual é inédita em nível nacional e, se aprovada, representará o primeiro tratamento medicamentoso para obesidade com oferta ampla e gratuita na rede pública. Hoje, o SUS conta com orientação nutricional, e psicológico, incentivo à atividade física e, em casos extremos, cirurgia bariátrica.
Distribuição de remédio para emagrecimento dependerá de decisão popular
A avaliação técnica da Conitec considerou o impacto financeiro da medida. Enquanto a fabricante Novo Nordisk estima um custo total de até R$ 3,9 bilhões em cinco anos, a comissão calcula que, com uso contínuo, os gastos poderiam dobrar, alcançando até R$ 7 bilhões.
Por conta disso, a recomendação inicial foi contrária à incorporação, mas a decisão final dependerá da participação popular.
A consulta pública está aberta até o dia 30 de junho. Qualquer pessoa pode participar, preenchendo um formulário eletrônico disponível no site do Ministério da Saúde.
Experiências pessoais, argumentos técnicos e opiniões de usuários e profissionais da saúde serão considerados na análise final.