Ao contrário do que muitos pensam, o espaço sideral não é um vácuo absoluto. Ele forma um ambiente contínuo, composto por partículas, radiação e campos magnéticos que se distribuem de maneira progressiva. Tanto a Terra quanto a Lua estão imersas nessa transição invisível, dentro da atmosfera do Sol — uma região que se estende até os limites da heliosfera, onde começa o espaço interestelar.
Essa visão amplia nossa compreensão sobre os limites físicos do universo próximo e questiona a ideia tradicional de onde, exatamente, o “espaço” tem início. Em 2019, um estudo da NASA baseado em dados do observatório SOHO revelou que a geocorona — camada extremamente tênue de átomos de hidrogênio que compõe a exosfera terrestre — pode se estender por até 629 mil quilômetros além da superfície do planeta.
Onde começa o espaço segundo a NASA?
A geocorona se estende tanto que até a órbita da Lua permanece dentro dessa camada sutil. Embora extremamente rarefeita — com cerca de 0,2 átomos de hidrogênio por centímetro cúbico —, essa região ainda é considerada parte da atmosfera terrestre. Por essa perspectiva, até as famosas missões Apollo, que alcançaram a Lua nas décadas de 1960 e 1970, não chegaram a sair completamente da atmosfera do nosso planeta.
Para fins práticos e jurídicos, foi estabelecida uma convenção: a linha de Kármán. Localizada a 100 quilômetros acima do nível do mar, essa fronteira serve como referência para definir onde o espaço “começa”. No entanto, esse limite é simbólico e funcional, não físico. A atmosfera, em vez de terminar de forma brusca, se estende de maneira gradual, tornando-se cada vez mais tênue à medida que se afasta da superfície da Terra.
Limite da atmosfera
Doug Rowland, especialista em heliofísica da NASA, explica que mesmo a Estação Espacial Internacional (ISS), orbitando a cerca de 400 km da Terra, ainda sofre influência da atmosfera. Devido ao atrito com partículas residuais, a ISS perde velocidade e precisa de impulsos constantes para permanecer em órbita.
Assim, a afirmação de que nenhum humano realmente deixou a atmosfera terrestre vai além de uma simples provocação — é uma observação baseada em dados científicos. O que entendemos por “espaço” é, na verdade, uma região contínua e difusa, sem limites claros. Todas as viagens espaciais humanas até hoje aconteceram dentro desse vasto envelope invisível que ainda nos liga ao planeta Terra.
Jornalismo na federal de Alagoas. Paulista de nascença, moro há mais de uma década no estado nordestino. Desde pequena fascinada pelo mundo da leitura e da escrita.