A Organização das Nações Unidas iniciou nesta semana, em Nice, na França, a terceira edição da Conferência dos Oceanos, reunindo líderes de cerca de 60 países para debater os caminhos para a preservação dos ecossistemas marinhos.
Durante o evento, a ONU lançou um alerta contundente sobre os riscos da exploração predatória dos oceanos, destacando a urgência de frear práticas que ameaçam profundamente a saúde do ambiente marinho e o equilíbrio climático global.
ONU emite alerta geral sobre exploração dos oceanos
Em um dos discursos mais marcantes da abertura, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o fundo do mar corre o risco de virar uma “terra sem lei”, caso não haja regulamentação rigorosa e cooperação internacional.
A crítica foi também direcionada ao avanço da mineração em águas profundas, especialmente após a sinalização dos Estados Unidos em acelerar permissões para esse tipo de extração fora de sua jurisdição.
Para Guterres, é essencial abandonar modelos de exploração imediatista e migrar para uma gestão sustentável dos recursos oceânicos.
A conferência destacou que os oceanos enfrentam um cenário de emergência. A sobrepesca, a contaminação por resíduos plásticos e a pressão por recursos minerais em áreas ainda pouco estudadas compõem um panorama preocupante.
Segundo estimativas da ONU, a entrada de plásticos nos mares pode chegar a 37 milhões de toneladas métricas anuais até 2040, caso o ritmo atual continue.
Hoje, cerca de 11 milhões de toneladas já são despejadas todos os anos, contaminando desde o plâncton até os organismos humanos.
França decide moratória em caso de exploração de oceanos
A França, anfitriã do encontro, defendeu uma moratória internacional sobre a mineração submarina até que estudos mais conclusivos sobre seus impactos ambientais sejam realizados.
O presidente Emmanuel Macron declarou que o fundo do mar não deve ser tratado como uma mercadoria, reforçando que ele pertence à humanidade e deve ser protegido como patrimônio global.
A expectativa é que a conferência produza um novo marco legal internacional para a proteção marinha, inspirado no modelo do Acordo de Paris para o clima.
Além dos debates diplomáticos, foi anunciada uma nova rodada de investimentos de bancos de desenvolvimento no combate à poluição marinha, com 3 bilhões de euros destinados a projetos de redução de resíduos plásticos.
A iniciativa busca ampliar ações em países da Ásia, América Latina e África, regiões críticas na geração de poluição oceânica.