Com o crescimento do desemprego e da informalidade no Brasil, o microtrabalho digital — que consiste na execução de pequenas tarefas online por demanda em troca de dinheiro — tornou-se uma importante fonte de renda para milhares de brasileiros, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Esse tipo de atividade envolve tarefas simples, como responder pesquisas, curtir postagens, assistir vídeos, clicar em links e testar produtos ou sistemas de inteligência artificial. As remunerações, porém, são baixas: pesquisa do IPEA indica que a média mensal dos microtrabalhadores digitais fica entre R$ 300 e R$ 800, valores insuficientes para garantir estabilidade financeira.
Além do desgaste físico e mental, esses trabalhadores enfrentam jornadas fragmentadas, com sessões curtas e intensas em várias plataformas. A falta de regulamentação e fiscalização mantém essa modalidade em situação precária, sem direitos básicos como férias, 13º salário e previdência.
As plataformas afirmam que o trabalho é voluntário e complementar, negando vínculos empregatícios e metas abusivas. No entanto, a Justiça do Trabalho já reconheceu vínculo em alguns casos, obrigando empresas a pagar direitos e ajustar suas práticas.
Perfil brasileiro
No Brasil, o perfil do microtrabalhador digital é diferente do observado em outros países: a maioria é formada por mulheres, que am as plataformas com mais frequência e em sessões mais curtas, conciliando o trabalho remunerado com os cuidados familiares. A pandemia de covid-19 intensificou essa realidade, levando muitas mulheres, especialmente mães solo e responsáveis por familiares com deficiência, a recorrerem ao trabalho digital para complementar a renda.
Um estudo do Centro de Estudos da Metrópole aponta que 45% dessas mulheres acumulam tarefas domésticas e cuidado de crianças e idosos, resultando em jornadas diárias que ultraam 10 horas. Apesar da flexibilidade tecnológica, a rotina é marcada por longas jornadas, baixa remuneração e riscos à saúde, como fadiga visual e dores musculares.
Jornalismo na federal de Alagoas. Paulista de nascença, moro há mais de uma década no estado nordestino. Desde pequena fascinada pelo mundo da leitura e da escrita.