01/11/2015 às 07h00- Atualizada 14/03/2016 às 12h55
Tudo bem olhar pra bunda da sua colega de trabalho, é coisa de homem. E não tem problema aquela pulada de cerca, homem tem suas necessidades. Claro que sua mulher não pode falar com outros caras, tem que se dar o respeito, ponha-a na linha. “O ciúme é o tempero do amor”, ela vai até gostar. Parafraseando o “cidadão de bem” e “exemplo de superação pelo esporte” goleiro Bruno, “Quem nunca brigou ou até saiu na mão com a mulher");
A abordagem dos temas pelo exame pode até não reverter nosso machismo histórico, e prova disso foi a reação de parte da sociedade, chamando o Enem, entre outras coisas, de “doutrinário”. Depois de tantas gerações aprendendo com o ensino “não-doutrinário” que Cabral “descobriu” isso aqui, que o golpe militar foi uma revolução contra a barbárie comunista e que a Igreja participou de alguma guerra que fosse genuinamente “Santa”, é um alento pensar na possibilidade de uma formação calcada em questões mais humanas. Finalmente uma vantagem para nosso modelo de ensino, voltado ao ingresso na universidade: “Mas por que tenho que aprender sobre essa palhaçada de feminismo e sobre direitos humanos?” “Porque cai no Enem.”
No futuro, pode ser que não haja mais listas de mulher “pra casar” e “pra pegar”. Pode ser que paremos, homens e mulheres, de chamar de “piranha” àquela que faz o que bem entende de seu corpo e sua vida sexual. Talvez meninas expostas na TV não sejam objetificadas por machos atrás de telas virtuais. Quem sabe saias curtas e decotes poderão deixar de ser sinônimo de sinal verde para sexo não consentido, e a expressão “coisa de homem” pare de ser usada para justificar o inissível. Impossível prever o amanhã. O que já sabemos é que luta é sim, coisa de mulher, até caiu na prova. Quem errar essa questão não merece se sair bem no exame. Enem na vida.
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