Quando o carnaval de rua começou a ganhar força novamente por essas bandas, Juliana descobriu que amava. Com o tempo, tinha até “garrado” intimidade, e não ia mais para blocos, mas para “bloquinhos”: “Onde tem ‘bloquinho’ hoje");
Indignada, Juliana fez o diabo. Entregou ofício pros organizadores do bloco, que disseram que a festa havia crescido muito, fora do controle deles, e eles não tinham muito o que fazer a respeito. Disseram até que entendiam quem tinha deixado de ir à folia, por conta das proporções que ela havia tomado. “Mas não dá pra voltar a ser como antes, só nosso?”, indagou a foliã. “Mas você é da organização?”, perguntou honestamente alguém, que de fato era. Sem reposta, Juliana saiu pisando quente. Mas não ia deixar barato. Foi à Prefeitura, foi à imprensa, foi à polícia, fez um escândalo para “salvar” o bloquinho. Tanto fez que as autoridades prometeram que no ano seguinte seria diferente. Ela respirou aliviada, e esperou ansiosa.
a-se um ano, chega o dia do “bloquinho”. Munida de purpurina e adereços, Juliana se dirige ao local da festa depois do clássico “esquenta” cazamiga e os boy. Chegando à “concentra ” do bloco, fica perplexa ao ser barrada por um PM. Agora o “bloquinho” tinha entrada e catraca: “Já atingiu o limite de público, moça. Pessoal chegou cedo para garantir”. E não teve “molhada de mão” ou charminho que a fizesse entrar. Revoltada, Juliana saiu, mas não sem gritar a plenos pulmões: “O que vocês estão fazendo é um absurdo! Carnaval é festa do povo!”
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