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Linda


Por Júlia Pessôa

13/05/2018 às 07h00

Quando você, que me lê, chegar a estas linhas tortas, estarei a caminho da minha Três Rios natal, ou já desfrutando da bolha de amor e acolhimento que encontro na terrinha, com minha família, sobretudo minha mãe, afinal diz o comércio que é dia de amá-la. Rebelde e anticapitalista que sou, cometo a doce transgressão de fazê-lo e dizê-lo todos os dias da minha vida. Todos. Minha família faz questão destas celebrações do calendário comercial, de feriados santos, aniversários e tem suas próprias tradições – a festa junina anual, com uma fogueira maior que eu, é inesquecível.

Numa destas festinhas, não me lembro a data, estávamos contando uns “causos de família”, como sempre, e minha mãe falou sobre uma vez em que, em plenos anos 1980, ela vestiu um cnjuntinho de bermuda e camisa estampado e perguntou a mim, com meus 5 anos por aí, como ela estava. Eu, linguaruda como sempre, em vez de dar uma resposta fofa de criança de filme, cravei: “Mãe, sua roupa parece um sofá”. Ela contou a história gargalhando, mas eu tive um sentimento de culpa tão grande – culpo meus anos de estudo em colégio católico por esse sentimento, crônico para mim – que não consegui esboçar um sorriso.

Tive um sentimento enorme de empatia e uma vontade enorme de voltar ao ado e abraçar aquela mãe solteira, de 35 anos, que trabalhava três turnos por dia e se virava em mil pra ainda ser divertida, atenciosa, filha, irmã, dona de casa e mil outras coisas e que, naquele momento, talvez quisesse estar bonita. E como estava. E como é. Mas criança é aquela coisa, fala o que pensa. E meu senso fashion infantil não bateu o santo com o conjuntinho. Uma lástima.

Eu não sei se vou ser mãe, nem se quero e se posso. Pode ser que um dia eu esteja vestida com uma roupa e um pedaço petulante de gente deboche do que eu visto. Pode ser que nunca aconteça – mas vai saber, a vida tem sempre seu jeitinho de surpreender a gente. Não falo sobre filhos com conhecimento de causa. Mas de qualquer forma, lembrando desse caso, eu pensei nas mães que me cercam. As amigas que ralam o dia inteiro; as amigas que só trabalham em casa e não por isso estão menos cansadas; uma semiconhecida que ficou desempregada pós-licença-maternidade; os olhos de solidão da minha avó que vive sozinha; as colegas de trabalho que se desdobram para que o tempo acelerado e cruel do mercado não as torne ausentes; tantas, tantas mulheres. Mulheres que são e estão muitas coisas: trabalhadoras, cansadas, tristes, sozinhas, sexuais, frígidas, solteiras, casadas, viúvas, nostálgicas, felizes, realizadas, em depressão pós-parto, muitas e diversas coisas. E sempre são romantizadas como deusas, guerreiras ou adjetivos que suprimem todo esforço, privação e doação que a maternidade exige – ainda que haja um pai participativo em cena.

E não que isso seja o que importa, mas pensei que, entre todas as coisas que todas estas mães, de todas as idades, contextos, classes sociais e aparência física. Talvez haja um milissegundo de um dia – ou menos, ou mais – em que elas queiram apenas se sentir bonitas, só para seu bel prazer. Se eu pudesse voltar no tempo, eu diria à minha mãe, ainda que reprovando o conjuntinho: “Você tá linda!”. E é isso que eu queria que todas as que estão na luta diária do maternar, com olheiras, cabelos sem lavar, carregando bolsas enormes, usando bomba de leite, levando criança pra colégio-futebol-inglês, chorando escondidas por medo de fracassar, contando moeda pra chegar ao fim do mês, fazendo o melhor que podem. Se é algo que vocês desejam saber e ser – tudo bem não querer – podem ter certeza. Vocês estão lindas. Vocês são.

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