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Precisamos falar mais sobre a morte

PUBLIEDITORIAL

Nesta entrevista, o psicólogo e diretor-secretário da Santa Casa, Pe. José Leles da Silva, afirma que devemos falar mais abertamente sobre a morte, inclusive com as crianças. Ao vivenciarmos o luto, aprendemos a lidar melhor com a finitude da vida


Por Tribuna

02/11/2017 às 07h00- Atualizada 06/11/2017 às 17h13

padre lelis
Pe. Leles: “Celebrar finados é fazer memória. Fazer memória é recordar que, no latim, significa trazer de volta ao coração” (Foto: Gal Oliveira)

Por que a sociedade sente tanto desconforto em falar sobre a morte, se ela é natural e irremediável?

Pe. Leles: Houve um tempo em que nós não falávamos sobre o nascimento. Era proibido. Eu me lembro que eu tive irmãozinhos mais novos do que eu e nem sabíamos que minha mãe estava grávida. Naquele tempo, quando se calou sobre a concepção, havia uma busca desenfreada por pornografia, porque não falávamos de uma maneira verdadeira, bonita e clara sobre a sexualidade. Hoje, a conversa é aberta e as pessoas lidam melhor com isso. O contrário é que,naquela época, se falava mais naturalmente sobre a morte. As pessoas morriam e eram veladas em casa. Todos podiam se despedir, as crianças participavam de tudo, de forma tranquila.  Hoje, como não falamos sobre a morte, a busca é pela violência. Bate um carro e, num instante, está cheio de gente. Há uma sede de filmes e histórias violentasque são contadas todos os dias pelos noticiários. Penso que é um desvio que decorre da nossa falta de coragem de conversarsobre a nossa finitude. Nossa sociedade hedonista, do culto ao belo e ao prazer,leva-nos a negar a dor e o sofrimento. Por isso, muitos poupam as crianças dos velórios, os mortos são maquiados e o caixão é todo enfeitado com flores.

Quais são as consequências desse silêncio sobre a morte?

Pe. Leles: Há um ditado popular que diz assim: “Deus perdoa sempre, o homem às vezes, a natureza nunca”. Vivenciar o luto é parte da nossa natureza. Se não o fizermos, num outro momento, a natureza cobra. Tenho um amigo que, ainda bem jovem, quando o pai morreu, assumiu imediatamente o lugar dele, chamando para si toda a responsabilidade. A família ficou encantada. Depois do enterro, voltou para o escritório, resolveu tudo. Foi elogiado, todo mundo achou muito bonito. Vinte anos depois, quando precisou tomar uma grande decisão na vida, entrou em depressão. Associou a tomada de decisão como momento de dor porque não se permitiu vivenciar o luto pelo pai.

O que é vivenciar o luto?

Pe. Leles: Vivenciar o luto é participar da despedida. Há pouco tempo, faleceu um senhor jovem, e fui chamado lá, num sábado à noite. Estavam a esposa, os filhos, a sogra. Dei a unção, fiz o ritual e, para a despedida, propus que a gente recordasse coisas bonitas da vida dele. Então os filhos falavam, choravam, eu chorava também. Contavam casos engraçados e a gente ria. Foi tudo tranquilo e, depois, na missa de 7º dia, relembraram. Penso que se possível, a pessoa não deve morrer sozinha, no CTI, mas na presença da família, no quarto, para a despedida. Quando não é possível, então, no velório, é preciso se despedir. Gosto de fazer a leitura do Evangelho e pedir que as pessoas partilhem momentos da vida com o falecido. Digo que são essas coisas que o ladrão não vai roubar e nem a traça corroer. Então, a pessoa já vai trabalhando a perda, a separação, assumindo os ganhos e sabendo que perdeu um corpo que é perecível.Depois, em casa, é preciso se desfazer das coisas, doar as roupas e os objetos que serão úteis para alguém. Como no caso da doação de órgãos. Há pessoas que se negam a doar,por medo: não querem vivenciar o luto, a perda e, com isso, perdem uma grande oportunidade de fazer o bem.

Há pessoas que tem mais dificuldade de lidar com essa perda.  Como ajuda-las?

Pe. Leles: O escritor Rubem Alves, psicanalista, poeta, professor, disse que “Vida e morte não são problemas. Problemas são coisas que nós temos que resolver. Vida e morte já foram resolvidas por Deus. Cabe a nós confiar e entregar”. Esse é o exercício da fé, o ofertório:a mãe que entrega o filho, o filho que entrega o pai. A entrega nos faz entender que tudo é transitório e ageiro. Na tentativa de reter a pessoa ou as coisas dela, conservamos resquícios de dor e o sofrimento nunca a, pelo contrário, vai crescendo. Uma coisa bonita do Evangelho é que Jesus vive o luto. Ele chora ao veruma mãe enterrando o filho único e na morte de Lázaro, ao se compadecer com o sofrimento de suas irmãs. É preciso se permitir chorar, mas não ficar só no choro. Viver o luto é também verbalizar.A presença deamigos e familiares com quem se pode conversar ajuda muito. Vivenciar o luto é não fugir dessa hora dolorosa. Aos poucos, a pessoa vai se fortalecendo, redescobrindo o sentido da vida diante daquela ausência. Cada um tem o seu tempo. Em casos de mortes violentas e bruscas, por exemplo, o choque pode provocar um trauma, então a Psicologia, a terapia do luto pode ajudar bastante.

E a fé? É para essas horas?

Pe. Leles: É comum as pessoas falarem que a morte de alguém querido as deixou sem chão. Crer que a vida não termina ali é um grande consolo. A palavra consolo exprime bem isso, significa “com solo”, ou seja, colocar chão. A fé nos dá o chão, seja em qualquer religião, quando confiamos que tudo o que vivemosaqui não foi em vão e será recolhido por Deus.

Qual o sentido de celebrar Finados?

Pe. Leles: Celebrar finados é fazer memória. A gente vai ao cemitério, ora, lembra das coisas boas, agradece a Deus pelo o que a pessoa representou para nós. Memória é diferente de lembrança que é intelectual, ligado ao racional. Fazer memória é recordar que, no latim, significa trazer de volta ao coração.

arte finados

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